STEPHANIE KILGAST - O LIVRO ESCULTURA  

Stephanie Kilgast é uma artista conhecida pelas suas esculturas criadas a partir de materiais de sucata, lixo e livros usados. 

A arte de Kilgast é inspirada em formas naturais e na valorização da biodiversidade. Plantas, cogumelos insetos e outros animais dão forma a uma vibrante mistura de cores e formas surpreendentes.

A série de esculturas "Discarted Objets", iniciada em 2017, tem agora uma versão intitulada ""Knowledge?", em que livros usados são utilizados como telas para criar uma série de esculturas espantosas. 

A nova série de esculturas de Kilgast mostra o poder da natureza e capacidade que esta tem de resistir à depravação humana. 


" A sensação iminente de apocalipse das obras de Kilgast é inevitável, mas ao mesmo tempo reconfortante, pois lembra-nos de que a natureza tem a capacidade de se regenerar, se permitirmos que o faça"

 

Stephanie Kilgast, livro escultura da série Knowledge  

Flores desabrocham nas páginas de livros usados, com capas cobertas por corais coloridos, fungos delicados e insetos que parecem vivos, comendo os folhas de papel. Novos ecossistemas são criados graças aos detalhes incríveis e pormenor das obras desta artista, que procura assim denunciar o impacto insustentável do homem sobre o equilíbrio da natureza. 


 

Stephanie Kilgast, livro escultura da série Knowledge 


YVES PIQUET - O LIVRO SONORO 

Yves Piquet é um artista francês, nascido em 1942, cuja obra explora as potencialidades estéticas dos livros artísticos. Piquet utiliza sobretudo técnicas de colagem e serigrafia, recorrendo a vários matérias e formas.

LE BLANC SEUL, edição original, sem paginação, constituída por 8 folhas dobradas em tríptico e assinadas. Poema de Erwann Rougé e desenhos de Yves Picquet. Edições Double Cloche.
LE BLANC SEUL, edição original, sem paginação, constituída por 8 folhas dobradas em tríptico e assinadas. Poema de Erwann Rougé e desenhos de Yves Picquet. Edições Double Cloche.

Para o artista francês, os livros artísticos não são ilustrações, obras de comentário ou explicações, mas antes obras inventivas, capazes de criar um ambiente evocativo, inspirado em sons, cores e texturas várias.

UN ETE INDIEN DE LA PAROLE. Edição original, sem paginação. Poemas de René Depestre, com 9 serigrafias de Yves Picquet. Edição de 47 exemplares, assinadas pelo poeta e o artista. Edições Double Cloche
UN ETE INDIEN DE LA PAROLE. Edição original, sem paginação. Poemas de René Depestre, com 9 serigrafias de Yves Picquet. Edição de 47 exemplares, assinadas pelo poeta e o artista. Edições Double Cloche

Alguns dos livros artísticos de Yves Picquet foram feitos em colaboração com poetas, como René Depestre, Erwann Rougé ou Emilienne Kerhoas, num diálogo estreito entre poesia e arte. O resultado são verdadeiros objetos artísticos, em que a poesia e a arte se encontram, não para demarcarem os seus territórios, ou correspondências, mas para criar novas sensações, prolongando o trabalho do artista, na poesia e labor do poeta, na arte.


 "Não se trata de fazer ilustrações. Não procuro poetas conhecidos, nem linhas editoriais: o único propósito é o encontro humano. Não existem regras: o trabalho faz-se quer a partir de um texto, ou de uma estampa que ritma a escrita. Não existe correspondência, mas unicamente sensações"

Yves Picquet


Para além de poetas, Yves Picquet também colaborou com o compositor Luc Larmor, na edição do livro sonoro Opposition Sonore, editado em 2001. pelas edições Dalatour. Este livro sonoro é uma edição original, com 12 serigrafias de Yves Picquet, acompanhadas por um texto e um CD do compositor Luc Larmor.

PPOSITION SONORE, livro sonoro, com serigrafias de Yves Picquet e música de Luc Larmor 

Em 2017, também foi publicada uma monografia completa do artísta francês, escrita por Françoise Nicol, com o título Yves Picquet, du paysage à l'atelier, edições Delatour. 


WILLIAM KENTRIDGE - O LIVRO COMO OBRA DE ARTE 

William Kentridge é um artista eclético nascido na África do Sul, de renome internacional e com inúmeras exposições em todo o mundo. Kentridge utiliza vários tipos de técnicas, na criação das suas obras, tais como: pintura, colagem, filme escultura, teatro, ópera, dança e música, entre outras. 

Em 2018, Kentridge criou a obra Breathe, inspirada na ideia de um folioscópio.   

Breathe, livro artístico de William Kentridge, 2008
Breathe, livro artístico de William Kentridge, 2008

O livro artístico de Kentridge é acompanhado de um DVD com imagens organizadas sequencialmente, que, quando folheadas, dão a impressão de movimento, criando uma sequência animada. Os desenhos, em tinta da China, foram desenhados sobre as páginas da Enciclopédia Russa, de 1953. A edição limitada, de 50 cópias, numeradas e impressas manualmente, é hoje considerada uma preciosidade, no mundo da edição de livros artísticos.   

Opositor do regime do Apartheid, tendo sido mesmo preso, Kentridge transporta o seu compromisso político para as suas obras, de uma forma intensa e, ao mesmo tempo, poética, criando alegorias poderosas.  Existe uma arte política que tem a ver com a representação das certezas, que exige um significado inequívoco, a favor ou contra. Mas, para o artista sul-africano, importante são as zonas de indeterminação, que se situam entre a incerteza e ambiguidade. 

William Kentridge, Sem Título, litografia e colagem, 2007
William Kentridge, Sem Título, litografia e colagem, 2007

"Uma das funções do artista é lembrar o espectador que quando olha uma obra de arte, não está vendo uma verdade, mas uma projeção. Está a olhar para ele próprio."

William Kentridge 


Kentridge, muitas vezes, começa o seu processo de criação trabalhando em dois projetos isolados que, durante o desenvolvimento, acabam por se fundir. Os desenhos em obras já prontas, como livros impressos, permite ao artista sul-africano trabalhar simultaneamente várias linguagens e materiais, pondo em evidência a natureza ambígua e indeterminada,  do seu trabalho. 

 A obra Second Hand Reading é um bom exemplo do processo criativo de Kentridge: uma sucessão de desenhos, continuamente esboçados e apagados, nas páginas do Dicionário de Inglês Oxford. Deste modo, Kentridge cria um conteúdo em permanente evolução, onde o significado não está dado para sempre, mas resulta de um ato de criação permanente. 



DIÁRIO VISUAL 

O artista e ilustrador espanhol, Pep Carrió, tem mantido um diário visual, desde 2007, com centenas de cadernos Moleskine e milhares de páginas desenhadas.

O arquivo visual de Carrió funciona como um arquivo em papel, de pensamentos, memórias e impressões, traduzidas em desenhos, ilustrações, colagens e esboços.

Os tópicos variam, desde padrões abstratos, a desenhos botânicos detalhados; de paisagens imaginárias, a seres fantásticos irreais. As figuras humanas e silhuetas surrealistas são um tema recorrente, ao longo dos anos. 

Os desenhos são uma expressão dos pensamentos, visões e sentimentos do artista espanhol - um fluxo de consciência que toma corpo nas páginas coloridas dos cadernos Moleskine. A intensidade e originalidade do trabalho de Carriò não deixam ninguém indiferente. O contorno de uma silhueta humana serve como receptáculo para pensamentos e sentimentos, que se repetem, em variações nunca iguais. 

Carrió utiliza uma variedade de meios para criar as suas obras: canetas, pincéis, marcadores, fotografias, colagens, matérias reciclados, utilizando as páginas dos cadernos Moleskine como telas. 

Alguns dos desenhos ocupam duas páginas, organizados em composições complexas e detalhadas. Folhar estes cadernos é uma experiência única, em que a expectativa se confunde com a o sentimento de surpresa, por vezes, integrante, dos desenhos que se sucedem.

Os desenhos de Carriò podem ser vistos na página Instagram do artista. 



A ARTE FEMININA DA COLAGEM

Organizado pela artista espanhola Rebeka Elizegi, com design dos estúdios Alehop e edições da editora Promopress, o livro Collage by Women reúne uma coleção fantástica de colagens de 50 artista, de todo o mundo.

O livro pretende mostrar a variedade de perspetivas e obras do panorama contemporâneo das colagens artísticas. A capa é ilustrada por Rozenn Le Gall e a introdução é da autoria de Blanca Ortiga.

Desde nomes consagrados, a menos conhecidos, as artistas referidas no livro desafiam as fronteiras do que se entende por arte. Collage by Woman pretende chamar a atenção para o trabalho criativo de mulheres artistas, cuja obra é muitas vezes esquecida pelo mundo das artes e da cultura.

O livro é um excelente exemplo de técnicas manuais e digitais de criação de colagens. A reprodução e impressão da colagens é de elevada qualidade. O trabalho de cada artista é acompanhado por um texto, que explica o contexto das obras, bem como o processo criativo, inspirações e influências.  

Entre as artistas que contribuíram para o livro encontram-se Annegret Soltau, Rozenn Le Gall, Caro Mantke, Eva Eun-Sil Han, Eugenia Loli, Sarah Eisenlohr, Isabel Reitemeyer, Olivia Descampe e Linden Eller, entre muitas outras.

Detalhes: Collage de Women: 50 Essential Contemporary Artists | Capa Dura: 224 pág. | Tamanho: 7.7 x 10.3 " (19.60 x 26.20 cm) | Ilustrações a cor | Texto em Ingês | Publicado por Hoaki (Março 2019) | ISBN: 978-84-16851-77-5 | Preço: EUR 35.00. 


IMPRESSÃO TRADICIONAL JAPONESA

Moku (madeira) Hanga (impressão) - 木版画 - é uma técnica tradicional de impressão japonesa conhecida por ter sido utilizada no gênero artístico Ukiyo-e. Também foi usada amplamente no mesmo período para impressão de livros. A xilogravura foi usada na China há séculos para imprimir livros, muito antes do advento da tipografia, mas só mais tarde, durante o período Edo (1603-1867), foi amplamente adotada no Japão. Embora seja semelhante, em alguns aspetos. à técnica de xilogravura no ocidente, Ukiyo-e difere pelo facto de utilizar tintas à base de água (em oposição a xilogravura ocidental que utiliza tintas à base de óleo), permitindo uma vasta gama de cores vivas, esmaltes e transparências de.

A xilogravura japonesa distingue-se também de outras técnicas de gravura, pela simplicidade do material utilizado na sua criação. Madeira, água, papel, pigmento, pasta e instrumentos simples de esculpir e esfregar, são tudo o que é necessário para fazer uma impressão. O processo, no entanto, requer mão-de-obra intensiva para o artista, que deve assumir as funções de designer, escultor e impressor.

Para mover-se da inspiração do esboço para a mecânica da impressão, é necessária uma organização cuidadosa da cor e do espaço. Inicialmente o artista esculpe um bloco de madeira para cada cor a ser impressa. Áreas que não devem ser impressas são cortadas, deixando uma superfície elevada, como no princípio de um selo. O pigmento disperso numa pasta de água e arroz é colocado no bloco, e alisado na superfície com um pincel semelhante a uma escova de sapato. Uma folha de papel tamanho e umedecido é então colocada no bloco; o alinhamento adequado é assegurado por duas marcas de registro que são gravadas em cada bloco no mesmo local. Para imprimir, o artista usa um baren, disco de mão achatado que é envolvido em um sheeth de bambu, para pressionar o pigmento no papel.

O vídeo que aqui partilhámos, o mestre Keiji Shinohara mostra as técnicas e métodos tradicionais da impressão japonesa em madeira. O vídeo tem legendagens em português. 


EXPOSIÇÃO DE LIVROS ARTÍSTICOS

A Fundação Jan Michalski tem patente até ao próximo dia 6 de novembro, uma exposição de 42 livros artísticos vencedores do prémio Bob Calle, relativos aos anos 2017, 2019, 2021.

O prémio Bob Calle é o mais importante prémio europeu de livros artísticos. O prémio é atribuído cada dois anos e destina-se a distinguir artistas e designers. Os vencedoras/es são escolhidos/as por um júri composto por designers, artistas, galeristas, críticos e curadores de arte. O prémio foi criado por Laurence Dumaine Calle em homenagem ao grande colecionador de livros de arte Bob Calle (1920-2015). Para mais informações sobre a exposição, ver aqui. 

VENCEDOR DO PRÉMIO BOB CALLE, 2021

O artista francês Pierre Leguillon é o vencedor do prémio Bob Calle, 2021, com o livro Ads.

Ads. ( abreviação em inglês de advertisements, anúncios) reproduz 70 páginas de anúncios publicitários, publicados em várias revistas, e para os quais posaram artistas conhecidos. Desde Marina Abramovic, a Aaron Young, dos anos '40, até aos dias de hoje. Os anúncios não promovem exibições ou obras dos artistas que neles participam, mas são publicidade a vários produtos como álcool, roupa, ou televisores. Alguns dos artistas que comparecem nas campanhas publicitarias, reproduzidas no livro Ads., são figuras bem conhecidas, como Salvador Dalí ou Andy Warhol. Outros são nomes inesperados, como Max Ernst, Jean Cocteau, Don McCullin ou Louise Bourgeois, entre outros.

A coleção de anúncios publicitários pertence ao Museu dos Erros, fundado em Bruxelas, por Pierre Leguillon, em 2013. O livro Ads.. foi concebido como se fosse um caderno de rascunhos de um artista amador. Contém um índice com a lista dos artistas,  marcas publicitadas, data e nome da publicação em que foram publicados, pela primeira vez. O livro Ads. é  editado pela editora Triangle Books e pode ser adquirido aqui   



POESIA VISUAL

A artista, poeta e designer norte-americana, de origem filipina, Mónica Ong, é conhecida pelos seus trabalhos extraordinários de poesia visual e como fundadora da editora de arte, Proxima Vera.

Proxima Vera é uma editora especializada na criação e publicação de objetos de arte visual e cartazes, com um estilo distinto, e técnicas de impressão inovadoras. Muitas das produções desta editora foram adquiridas por colecionadores, institucionais e privados, bem como fundações e museus, de todo o mundo.

"Porquê a poesia visual? Para expandir os modos de ver e contar, uns aos outros, aquela história que não podemos ainda entender, mas que o futuro precisa urgentemente."

- Mónica Ong


 

Star Gazer - O planisfério poético de Mónica Ong

Baseado na carta astronómica Soochow, de 1193, o planisfério de mónica Ong retrata o céu noturno chinês, tal como é visto a partir do hemisfério norte. Para ver as estrelas, o observador tem de rodar o disco, alinhando a data e a hora noturna desejada. Ao alinhar a carta, rodando-a de acordo com o ponto cardinal escolhido, o mapa irá revelar um poema celestial, acompanhado pelo seu asterismo. O design utiliza letras impressas em folhas de ouro, corte-e-vinco e pode ser adquirido aqui


Volvelle Lunar

Este poema interativo de Mónica Ong tem a forma de uma volvelle lunar. As volvelles são gráficos em roda, inventados na Idade Média, feitos de papel e com peças rotativas. As volvelles foram criadas para mostrar, de forma mais eficaz, informações e cálculos, sobre os mais variados assuntos. As volvelles astronómicas serviam para representar teorias planetárias e mostrar escalas para determinar as posições dos astros de forma numérica.

No objeto artístico de Mónica Ong, do mesmo modo que a lua revela as suas fases, todas diferentes, também o poema inscrito na volvelle vai mostrando diferentes versos, conforme a volvelle é rodada. O design deste objeto de arte é feito em múltiplas camadas sobrepostas, utiliza impressão digital, letras impressas a ouro e corte-e-vinco. A edição é numerada e pode ser adquirida aqui. 


Purple Forbidden Enclosure

Este poema de Monica Ong foi originalmente publicado na revista Permafrost. O poema recria as constelações do céu chinês, visíveis no hemisfério norte, a partir de um olhar feminino. Segundo a artista, cada asterismo representa o mapa precário da condição feminina. O design soberbo deste objeto de arte utiliza ouro e prata para a impressão dos caracteres, com fontes tipográficas personalizados e uma capa em cor azul royal. Cada exemplar é assinado e numerado pela artista e pode ser adquirido aqui


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